domingo, 8 de janeiro de 2017

Ciganos Calon, povo brasileiro e Claudia Maylla em Contagem

CLAUDIA MAYLLA
Os ciganos Calon fazem parte da história do Brasil, eles chegaram no ano de 1554 trazendo seu jeito exótico e diferente de ser. Calon ou Kalé e são também conhecidos por ciganos ibericos  porque viviam na Espanha e em Portugal   e depois se espalharam pela Europa e América do Sul.
            Quase não se tem documentos da história cigana, o jeito nômade de viver e os hábitos dificultam os registros e por isso surgem  tantas lendas e crenças trazendo a incompreensão sobre a verdadeira cultura cigana, culminando na perseguição religiosa, cultural, politica e racial.
          O Encontro  de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros contou com a participação especial  de uma familia de ciganos do segmento Calon: Casal Carlos Calon e Maura Piemonte, filhas Zingara e Barbara e o neto Douglas Calon. Carlos Calon e Maura Nei Piemonte são representantes do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT).
            Eles formam o grupo musical Calon Show, criado com o objetivo de difundir a cultura cigana e uma forma de mostrar ao mundo o que é realmente e o que fazem os ciganos. Segundo Maura, a musica chama a atenção e oferece espaço onde podem falar da discriminação sofrida em 459 anos de sofrimento.
            A família Calon viaja todo o Brasil fazendo um trabalho de conscientização e orientando sobre os direitos e deveres dos ciganos, como a participação nos programas sociais do governo, cartão SUS, Bolsa Familia, enfim fazendo a inclusão social dos grupos nômades que ainda vivem em barracas. 
            Maura comenta:
            - A nossa exclusão social é muito grande, mostrar o estereótipo é bom e a realidade do dia a dia,  porem o governo não sabe quem somos, quantos somos e o que queremos, ainda somos um povo a parte e temos a necessidade de uma identidade.
            A família de Maura veio da Italia para Argentina e depois para o Brasil. Maura Calon sofreu na pele essa discriminação quando seus avós  foram assassinados friamente. Ainda hoje é uma familia nômade, porem tem uma residência fixa no Estado de São Paulo. Parte dessa familia reside em Brasilia em Sobradinho onde tem a primeira escola cigana dentro do acampamento. e possui reconhecimento.           
            Segundo ela o  preconceito acontece nos acampamentos invadidos pela policia, na escola quando a filha não tem o direito de usar suas roupas e as vezes não sorri para esconder os dentes de ouro que pela  tradição cigana aos completar 12 anos de idade a criança coloca o dente de ouro.
            Maura diz:
            -  Minha filha foi discriminada na escola pelo  professor quando fez ela ir a frente e mostrar que era diferente , que tinha ouro na boca. depois disso quis estudar Direito para conhecer as leis, até ja passou no vestibular.

            A finalidade principal da criação do grupo musical é nas viagens despertar a curiosidade geral sobre a cultura  e ser um meio para falar do povo cigano.
            - Não dá para ficar vivendo a beira da estrada, analfabeto. A gente entra no município e alguns nos pedem pra sair, como a prefeitura de Poços de Caldas me deu 12 horas para sair da cidade. O governo  municipal que não respeita a lei federal.
            A familia Calon se preocupa com a situação dos acampamentos ciganos por todo o Brasil:
            - Fazemos parte da construção desse pais, como carteiros e ainda os ciganos foram usados para caçar negros que fugiam das fazendas, porem em defesa dos negros os ciganos ajudavam na fuga para os quilombos.
            Os ciganos são conhecidos como analfabetos, pessoas de má indole, trambiqueiros e outros, e  o trabalho da familia Calon é feito no sentido de se acabar com estereotipo:
            - Nos chamam de analfabetos, temos a maior faculdade que é a vida, somos vitimas de uma vida de racismo, de ver a policia com arma em nossas cabeças nos acampamentos, ouvir dizer que ciganos roubam, de não ter para onde ir, ver parentes assassinados, atendimento diferenciado nos hospitais e em todos os locais públicos. Isso dói!
            - A única coisa que quero é que meus netos tenham o direito a cidadania, o direito de ser brasileiro, de não precisar esconder o sorriso com dentes de ouro e que possamos ser tratados e reconhecidos como  todos brasileiros são.
            Olhos marejados ela conclui:
            - Meu povo hoje no Brasil é uma grande pedra de diamante e precisa ser lapidada,  está cheio de fuligem, de terra, ele precisa de oportunidade para se limpar, de ser reconhecido dentro das leis, tendo o direito até mesmo de ser preso, porque ainda somos executados.
            Durante o evento "Direito de Consulta dos Povos e Comunidades Tradicionais no XIII Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros, a familia Calon teve oportunidade de falar de suas dificuldades como a infiltração de pessoas que se passam por ciganas e conseguem projetos do governo federal, fazem um alerta para que o governo seja cuidadoso na identificação de quem realmente é cigano.
            Mais uma vez a familia Calon deu seu recado na música e dança belissimas, na fala firme exigindo  que o povo cigano seja realmente reconhecido como povo brasileiro.

ESCRITOR MANOELZINHO VISITA OS CALONS E CONHECE CLAUDIA MAYLLA LIDERANÇA CIGANA
EM CONTAGEM
Estive visitando a comunidade cigana " CIGANOS CALONS ESTRELA DO ORIENTE " a convite da liderança cigana Cláudia Maylla...onde pude conhecer de perto sofrimento e necessidades deste povo e cultura magnífica. ..São gente da gente como a gente apenas distanciada da gente pelo preconceito mas estão no meio da gente e próximo da gente...conhecer los. ..ajudar los...É a primeira ação para combate ao preconceito à uma minoria que tem muito à nos ensinar. 
Esta é a Cláudia Maylla(no detalhe da foto com vestido tons de dourado.. aparece co criança no colo). ..liderança cigana em contagem. ..tive o prazer de conhecer pessoalmente. ..Através do convite dela tive a oportunidade de conhecer os ciganos da região. .Como já disse estão tão perto da gente e ao mesmo tempo distante isolados pelo preconceito e falta de políticas públicas específicas para eles. .tem política pública para índios. ..afro descendentes. ..lgbt. ..morador de rua. .Entre outros. ..mas para os ciganos não vejo e não conseguir localizar ações do poder público que venha demanda políticas públicas para essa sociedade cigana dentro de contagem. ..
na primeira semana estive junto com Cláudia Maylla e Andreia visitando a comunidade cigana "CIGANOS CALONS ESTRELA DO ORIENTE " Onde ouvir os e estive pessoalmente em contato com problemas deles. ..e pude presenciar o carinho recebido por Cláudia Maylla em retribuição à luta dela por seu povo...apesar de não ser cigana de tenda e sim cigana de sangue ela não abandonou suas raízes sempre junto do seu povo pelo seu povo procurando fazer conhecida a grandeza da cultura cigana e da própria cidade de contagem via a própria cultura cigana inserida dentro de nossa cidade
. .PARABÉNS CLÁUDIA MAYLLA PELA TENACIDADE DE SUA LUTA CONTRA PRECONCEITO E BEM ESTAR DO SEU POVO. ..PORQUE SÃO TAMBÉM GENTE DA GENTE E DE NOSSA CIDADE. ..







Um comentário:

  1. Calons falam uma língua desconhecida
    Algumas palavras do idioma caló:


    Halilú- Bom dia

    Alú- Boa tarde

    Suvinhá- Boa noite

    Achupé?- Como vai você?

    Bani- Galinha

    Perro- Cachorro (como se pode ver, influência do espanhol)

    Cocha- Tomate

    Eu falo- Jariãens.

    Balevais- Banha

    Calom- Língua.

    Papíri- Jornal.

    Raia- Almoço.

    Radên- Dinheiro.

    Ranon idi kêla- Eu escuto rádio.

    Hanin di kêla- Tu escutas rádio.

    Ranon xunela- Eu falo.

    Nokohôn- Ele.

    Nokuhín- Ela.

    Adikêla- Eles.

    Ahuín- elas

    Nosíri- Vocês.

    Gahon- Adulto.

    Xindá- Pescar.

    Xundêla/ Xodá- Silêncio.

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