terça-feira, 19 de julho de 2016

MONIQUE PACHECO E A EDUCAÇAO DE CONTAGEM

PENSAMENTOS POLITICO 01-EDUCAÇAO
O PENSAMENTO POLITICO DE MONIQUE PACHECO
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Eu preciso falar sobre educação.
Eu preciso falar sobre educação. Fico aqui pensando em como escrever um texto que seja claro, que seja sucinto, explicativo, questionador e propositivo, sem ser “prometitivo” digamos assim, e que ao mesmo tempo seja, como sempre busco em meus textos, carregado de sinceridade e, como não pode deixar de ser, de esperança. Fico sem saber como dar conta de tanta coisa, falando de um tema que
Bem, como muitos já sabem, sou professora. Professora de história da Rede Pública, já fui professora efetiva da cidade de Esmeraldas, sou nomeada em Betim, e leciono em regime de contrato precário (PSS) a uns dez anos em Contagem. Eu já trabalhei em muitas escolas nessa cidade, e já tentei fazer o meu trabalho de várias maneiras possíveis, com o mesmo objetivo que compartilho com todos os meus colegas de profissão: tentar promover o aprendizado da melhor forma possível , tentar ser o mais puro possível no que faço, tentar não desacreditar e tentar não adoecer. A verdade é que as escolas estão doentes, e é óbvio que tentar se manter saudável de todas as maneiras, olhando por dentro o descaso com o que deveria ser a maior prioridade de qualquer governo, é uma luta diária. A escola não caminha, e não é por falta de vontade de seus profissionais, não é por descrença, não é por falta de tentar, é por fazer parte de um sistema que é programado para estar emperrado. A educação está sendo sabotada.
Se formos elencar todos os problemas, não sabemos nem por onde começar. A indisciplina que beira a loucura, os problemas sociais que agridem nossa sensibilidade, o baixíssimo rendimento escolar... Nossas crianças e adolescentes não tem estímulo para estudar. A escola é um lugar ruim, um lugar sem projeto, sem investimento, sem rumo. A arquitetura é limitadora e nada estimulante. Tecnologia é algo que é praticamente proibido de entrar. A dificuldade de um professor para passar um filme, ou ás vezes uma simples música é tão grande, que se torna quase impossível. As salas estão lotadas, e a maioria delas com um número muito grande de alunos com grande nível de defasagem em letramento mínimo em relação ao seu ano/ciclo, as dificuldades e os desafios pedagógicos são inúmeros, e nós professores/educadores nos encontramos sobrecarregados com jornadas extensas, despreparados, pois o sistema não se mostra preocupado com a importantíssima formação continuada, e desmotivados, extremamente desmotivados, pois acumulamos, ano a ano, perda salarial, desvalorização profissional e desrespeito.
Ano a ano o sistema do descaso nos obrigada á gastar um monte da nossa energia, de nossa esperança e de nossa vontade de mudança, em uma sacrificante, cansativa e desestruturante luta por direitos e respeito(algo que deveríamos receber naturalmente)todos os anos, para, sucessivamente, não recebermos nada, além de desrespeito, retaliação e perseguição.
Ano a ano, os movimentos grevistas tem sido frustrados, e pior que isso, humilhantes. A classe trabalhadora da educação acumula perdas, e toda a educação também. Os grupos se dividem, os alunos ficam sem referência, nós, professores nos desestimulamos, os projetos não desenvolvem, ninguém ganha, todos perdem. Toda a cidade perde.
Além disso tudo, as questões sociais, o sistema de exclusão e de segregação de uma cidade que não troca suas riquezas entre si, que não tem uma distribuição de renda justa, atingem a educação de maneira miserável, usando o sistema educacional sucateado para condenar ainda mais a sociedade à miséria econômica e cultural. A desigualdade social da cidade é facilmente percebida nas escolas, ela faz parte da escola. Quanto mais periférica a escola, maior o descaso público.
A escola deveria ser o mais privilegiado lugar de produção cultural da comunidade, mas, a escola não tem incentivo à cultura, a escola deveria ser um lugar de produção de saberes, mas, não existe investimento em formação, não existe um projeto pedagógico coeso, que tenha planos, metas e objetivos claros e nesse sistema do descaso a sociedade parece ter naturalizado que a escola pública seja um lugar ruim.
As escolas estão se tornando um lugar ruim, para estudantes e professores, para todos os seus profissionais e para a comunidade. Um lugar que não prepara para a liberdade, não prepara para a produção do saber, e não prepara para a vida saudável em sociedade. Como é possível que possamos conceber uma cidade progressista e mais humana, se a educação é sucateada, e esse sucateamento é naturalizado pelas pessoas?
Eu poderia ficar aqui horas falando sobre os problemas da educação, eles são inúmeros, eles são desgastantes, eles são traumáticos e são condenatórios. Mas, preciso falar sobre o que eu acredito e defendo. Sobre as expectativas que todos os grandes profissionais apaixonados, com formação técnica, teórica e ideológica compartilham comigo: Uma escola que prepare para o progresso da humanidade.
As escolas precisam ser valorizadas como o lugar mais importante da comunidade. Como a maior riqueza da nossa cidade. O nosso maior orgulho. Nossos alunos e profissionais precisam ser vistos como nosso bem mais precioso, e portanto, tratados com respeito, dignidade e valorização.
Precisamos todos, acreditar nas escolas como lugar privilegiado para a construção de um mundo novo, de uma sociedade mais igualitária, mais justa e mais humana. A escola é por excelência a nossa maior arma para vencer os desafios contemporâneos e precisa ser tratada como tal. Precisamos de escolas melhores, e para isso precisamos de investimentos planejados, direcionados, bem intencionados, e principalmente, da participação de todos. Para que a escola avance, precisamos ouvir todos e todas que dela fazem parte. Não é possível que uma secretaria de educação não ouça seus profissionais, seus estudantes e sua comunidade. Precisamos de mudança, e essa mudança é urgente. São as nossas crianças e adolescentes quem construirão a nossa sociedade do amanhã. Cabe a nós, investir nelas hoje.
para mim é tão íntimo. Escolho então falar sobre minha experiência, sobre meu olhar, e minhas expectativas sobre o que significa para mim e para um número enorme de amigos e companheiros de profissão, de luta e de angústias, a educação pública. O texto não vai ficar sucinto, já era esse quesito, mas, dessa vez vou escrever com parágrafos, para que possamos todos, respirar juntos. Certamente não conseguirei contemplar tudo que penso sobre todas as complexidades que envolvem a educação pública. Não sou especialista em educação, sou uma professora de chão de escola, conheço a educação na prática do dia a dia, e talvez me engane quanto alguns termos técnicos, teóricos e até ideológicos, mas quero falar do meu lugar, da minha experiência, e das minhas expectativas.

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